R. Coronel Arthur de Paula Ferreira, 59 / Conj. 13 - Vila Nova Conceição

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Movimento Vital-Expressivo (Rio Abierto) e Danças Circulares (Findhorn)

Este texto tem o objetivo de apresentar o método das Aulas de Movimento Vital – Expressivo que fazem parte do Sistema de Desenvolvimento Harmônico do Homem do Instituto Rio Aberto Internacional. Mostra ainda afinidades e especificidades do método em relação ao das Danças Circulares Sagradas, criadas nos anos 60 na Comunidade de Findhorn, Escócia, pelo coreógrafo Bernard Wosien.

O texto evidencia de que modo o “Movimento Vital – Expressivo” é utilizado como etapa de mobilização psico – corporal preparatória de processos de expansão da autoconsciência, orientados para uma visão transpessoal. O método prepara grupos de participantes para processos psicoterapêuticos, socioterapêuticos, sociodramáticos, sistêmicos familiares e os organizacionais, dentre outros.

O Sistema Rio Aberto teve origem nos anos 60 em Buenos Aires, foi criado por Maria Adela Palcos. Dentre seus mestres e inspiradores se destacam Susana Milderman e Aníbal Sabatini. Em 1966, Maria Adela instalou o “Instituto Rio Abierto”, origem do instituto internacional de mesmo nome, que hoje opera na Argentina, no Brasil, Uruguai, México, Itália, Espanha, Israel e em outros países.

O Sistema desenvolveu vários instrumentos ([a]) de natureza psicoterapêutica, a partir de consciência corporal. Um de seus instrumentos é objeto deste texto: as Aulas de Movimento Vital – Expressivo.

Destacamos alguns dos princípios básicos do Sistema do Instituto Internacional Rio Abierto:

O homem é um ser energético que absorve, dá e transforma energia constantemente e está imerso num campo energético universal, do qual é parte integrante. Sua razão de ser está unida à do universo. Sua sensação de vazio e solidão vem da falta de consciência do caráter holográfico da realidade, de que ele é o universo, de que ele é uma peculiar e única manifestação das qualidades da unidade cósmica.
A contiguidade e a interpenetração energética ocorrem entre todos os entes no universo, animados ou inanimados, ocorre inclusive entre as pessoas, os desejos e os impulsos de um são do outro.
O homem é uma pluralidade, um eu central, vazio, em torno do qual fluem personagens justapostos e contrapostos. Os personagens pelos quais o homem se manifesta se cristalizam ao longo da vida, condicionando a pessoa a uma mecanicidade psíquica. Dissolvendo-a, ele resgata a sua fluidez natural, essencial à alegria de viver, à esperança.
Cada personagem se manifesta por “plásticas” ou modos psicofísicos de estar, de mover-se, de relacionar-se. Observando cada personagem em movimento percebemos um modo próprio de respirar, de perceber, de sentir, de responder, de conhecer.
A cada “plástica” enrijecida corresponde uma ação crônica de estados emocionais reativos e compulsivos nas situações de vida, o apego a máscaras protetoras, a personagens reconhecidos como sendo a própria identidade da pessoa. Ao nível da mente, estes estados cerceiam a autonomia no dia a dia, a liberdade de escolhas, o livre arbítrio.
Qualquer processo de desenvolvimento humano exige mobilizar esse ser energético que é o homem.

Começa revitalizando o corpo, fortalecendo seu vínculo com a vida, conferindo ao corpo flexibilidade, tônus, amplitude e liberdade de movimentos, espontaneidade.

Segue resgatando emoções escondidas sob as “máscaras”, que vão se dissolvendo, tanto as associadas com paixões triste(b)”, tais como o ressentimento, mágoa, o ódio, o medo, etc., como as emoções associadas a “paixões alegres([b])”, como prazer, alegria, paz, confiança, esperança. Estas emoções dão vida e estória a infinitos personagens, que se revelam, aos poucos, para além das máscaras.

O Sistema do Instituto Rio Aberto se propõe a promover a desmecanização corporal e psíquica da pessoa, o que lhe permite fluir com liberdade e autoconsciência por múltiplas plásticas e personagens e se desprender de cada um paulatinamente, passando pelo processo com consciência de si mesmo.

O trânsito fluído por vários modos psico-físicos de se manifestar permite às pessoas, no instante do vazio, a transcender a todos, a transcender às falsas identidades (1) aos apegos egoicos2,5 e a se perceber em profunda harmonia, holograficamente em unidade com o Todo. (1;2c;5).

Sinteticamente, o objetivo do movimento vital – expressivo pode ser assim descrito: liberar as energias estagnadas no nosso corpo e mente, entrar em sintonia com o caudal de energia cósmica que nos atravessa de alto a baixo, fixar-nos à base terrestre de onde recebemos apoio, resgatar o prazer da vitalidade, ampliar a percepção da nossa condição corpórea em suas múltiplas facetas, libertar as sensações e as emoções, expressá-las com espontaneidade, iluminando e dando sentido ao plano psicológico, resgatar os sentimentos sutis de paz, compreensão amorosa, afeto, generosidade, compaixão, gratidão. O movimento leva a pessoa a passar por uma redescoberta contínua da própria identidade, passando através de invólucros sucessivos, visitando com frequência crescente estados anímicos e mentais compatíveis com os do núcleo essencial da personalidade, com o “si mesmo”, percebendo-se como manifestação subjetiva e única das qualidades da essência universal, sendo ao mesmo tempo vazio e plenitude (1;2c).

II) CARACTERÍSTICAS DE UMA AULA DE MOVIMENTO VITAL – EXPRESSIVO

Ela é em roda e é imitativa. Na maior parte do tempo, o focalizador se move, dança fazendo parte integrante da roda. Assim, os participantes desbloqueiam suas mentes e são conduzidos pelo “centro motor do corpo”(1), ao entregar-se à sugestão da “plástica” do focalizador, o que ao mesmo tempo o relaxa e concentra a sua atenção. Em alguns momentos é a “plástica” de um participante aluno que é imitada pelos demais, diversificando o “vocabulário de movimentos”, dos demais. Em outros, o movimento é subjetivo e espontâneo, cada um se move por minutos seguindo apenas o fluxo da sua intuição, cada um de acordo com a mobilidade corporal já desenvolvida até então.(1;2c).

 

Porque as Aulas de Movimento São Principalmente em Roda

Os participantes de uma aula fluem em mandalas dinâmicas, potencializando a harmonia e a criatividade de cada um e a todos. Potencializa ao mesmo tempo a expansão e a autoconsciência, especialmente porque o participante é sempre convidado a se perceber enquanto se move.
Cada um e todos vão pulsando em movimentos sucessivos, de recolhimento e expansão em movimentos centrípetos e centrífugos, de estar consigo e se expandir para estar com os demais.
Cada um se move segundo seu eixo vertical, aspirando erguer-se para além de si; segundo o eixo sagital avançando e retrocedendo, ora para o centro do círculo, ora para a ampliação dos limites da roda.

O transito por várias “plásticas” corporais enriquece o elenco de movimentos. Destacam-se a plásticas gregas apolínea, a dionisíaca e plástica orientalista. A postura do corpo nem sempre é ereta, pois a altura média e a baixa são também visitadas. Muitas são as estratégias: rastejar, engatinhar, mover-se sobre três ou quatro apoios, imitar movimentos de animais, brincadeiras infantis, coreografias de danças de diversas modalidades. Este método estimula o uso de um elenco inesgotável de estratégias na criação de movimentos corporais propiciadores de diversidade e de harmonia, em que corpo e mente estão irmanadas.

A roda comunica, formam-se pares e se desfazem, criam-se vínculos anímicos, harmonias na diversidade, emerge o prazer de conviver. A mandala se desloca num fluxo ondulante, gira em ritmo, a alegria de todos cresce, cresce a amplitude da aura do grupo, o “eu transpessoal” (1;2;3;5) se liberta. Os véus que encobriam a realidade essencial da alma se dissolvem a cada instante.

c: a obra (2) da bibliografia apresenta um sistema de movimento corporal que tem semelhanças com o do movimento harmônico do Sistema Rio Aberto.

 

Ativação e a Harmonização dos Chacras

Uma das referências da metodologia das aulas de movimento é a mobilização do campo energético do homem através dos inúmeros sensores pelos quais se dá o intercâmbio com a energia sutil do meio circundante. Ativar a harmonizar estes sensores denominados “chacras” nas culturas da Índia, é um dos recursos para potencializar a evolução do homem, para que ele possa manifestar mais flexível e plenamente o seu potencial de ser, com crescente autoconsciência.

Associar revitalização, flexibilidade e expansão corporal com a concentração mental e com autoconsciência é tradição de todas as formas de yoga e de tradições chinesas, também é a tônica do Sistema Rio Aberto.

Em cada aula o focalizador escolhe músicas e movimentos corporais que estimulem uma vitalidade saudável, a vibração positiva de cada um dos sete centros energéticos ou chacras principais e suas áreas corporais e psíquicas de influência (1; 4).

Uma aula de movimento harmônico começa com o que denominado: “etapa de esvaziamento”: a partir da postura ereta, os participantes se inclinam, com a intenção de realizar um “esvaziamento energético” , uma liberação das energias estagnadas que carregamos, aprisionadas no nosso corpo físico, no nosso campo vital, no nosso campo áurico(1). O método admite que nossa evolução e bem estar depende do exercício humilde do desapego do passado, do desapego de memórias que bloqueiam nossas emoções e sentimentos. Efetuado o desapego, torna-se possível à reconexão com a verdadeira força, com energias vindas da fonte de luz e amor universais. Acolhe-se nesse momento a energia sutil que penetra por nosso centro coronário (o 7o chacra, na coroa da cabeça), permitindo que ela percorra através de nós até o centro coccígeno, (o 1o chacra), seguindo por nossas pernas e pés e adentranda à terra.

A partir desta etapa os participantes da aula passam a se revitalizar a partir do 1o chacra, a energia sutil que desceu até a terra pode então subir naturalmente, o que vai permitir a todos se apropriar do caudal energético reativado, o que vai permitir o trabalho seguinte, de ativação, expressão, harmonização dos sete centros energéticos, conforme veremos.

Para ativar o 1o chacra (o centro coccígeno(1), o do contato com a terra), os alunos imitam movimentos repetitivos e pulsantes, com ênfase na percussão dos pés, nas pernas e quadris e com postura que rebaixa o centro de gravidade do corpo, como nas artes marciais e em várias danças tribais. Os movimentos fortalecem os membros inferiores, elevam a carga vital, propiciam a sensação de segurança, de presença aqui e agora, o desejo de estar, de viver. Musicas percussivas tribais, africanas e indígenas são frequentemente usadas. Apoiam-se em instrumentos de percussão e no canto.

d: merece destaque uma das contribuições das obras (2) e (4): a citação pertinente das áreas anatômicas mobilizadas cada etapa da aula de movimento.

O 2o chacra (o do cordão umbelical (1), o do ponto “hara” dos indianos e “ki” dos chineses) é igualmente fundamental e nenhuma aula prescinde da tarefa de ativá-lo. Através dele se ativa a carga energética da pessoa e a energia ampliada vai de distribuir por todo o corpo, proporcionando vitalidade ao corpo e ativando a libido, o desejo de se manifestar em qualquer plano da existência, em qualquer proposta de vida. Ativar o ponto hara corresponde a ativar a intencionalidade de cada de assumir esta vida (1; 3; 5).

Obtêm-se maior mobilidade de toda área pélvica, glúteos, virilha, face interna das pernas e dos pés.

Musicas brasileiras tradicionais como o samba, o xote, o baião, o frevo, o forró, além das musicas árabes, de dança do ventre, ciganas e indianas populares, são perfeitas para suscitar movimentos pélvicos naturais, prazerosos. Diversos movimentos de aulas, nesta etapa se inspiram nessas danças.

O método, em geral, propõe que uma aula trabalhe primeiro os chacras 1 e 2 para propiciar auto confiança, vitalidade e sustentabilidade psíquica, preparando a pessoa para trabalhar o seu campo vibratório emocional (3).

O 3o chacra (o do plexo solar, da área digestiva alta) traz a autoconsciência da força da vida, a consciência do poder pessoal de ser um “eu” distinto dos demais. Através do estímulo saudável desse chacra, a pessoa organiza mentalmente sua experiência emocional. Com sua ativação, os órgãos digestivos se nutrem, se purificam. Nele são reconhecidas e compreendidas as emoções que nos percorrem, percebemos o “outro” como alguém distinto de nós mesmos, acessamos estados de bem estar, de coragem, percebemos os desequilíbrios da paixão, que nos atravessam. Acessamos sentimentos ternos, ficamos tomados pelo amor-paixão, possessivo, egoico (5).

Para trabalhar o terceiro chacra, são realizados movimentos de lateralidade e de torção do tronco, de fechar-se e abrir-se. A expressão passageira de emoções passionais tristes ou densas (ódios, angustias, mágoas) é bem-vinda nesta etapa de aula, o focalizador conduz o grupo a passar por elas sem retê-las, deixando-se fluir e se dispondo a contemplar a si mesmo na sucessão multicolorida de emoções que se sucedem, sejam agradáveis ou desagradáveis.

Às vezes a estratégia da aula inclui trabalhar emoções opostas, complementares ou apenas distintas entre si. Inúmeras “plásticas corporais” carregadas de conteúdos emocionalmente fortes são vivencidas no trabalho associado ao 3o chacra, as pessoas se investem de personagens associados às “plásticas”, como atores de um teatro, numa performance interiormente carregada de emoções. Nele vão se tornando, pouco a pouco, expectadoras de si mesmas, ao passar conscientemente pelo fugaz instante de desapego de emoções que se sucedem.

É a etapa psico – corporal mais expressiva da aula de movimento harmônico.

São ideais as musicas passionais tais como tangos, guaranias, boleros, músicas românticas de amores perdidos, de ódios contidos, de magoas, de lutas, de contradições, indecisões, angústias, duvidas, suscitam naturalmente os movimentos necessários a liberação de energias paralisadas no 3o chacra, o “chacra do ego”. O trabalho em roda auxilia a interlocução dos participantes, eles percebem uns nos outros espelhos, seus opostos, complementos de si mesmo, suas “máscaras” se dissolvem aos poucos, fluem para além das máscaras com que se protegem de sentir.

Em aulas com finalidades especiais, esta etapa é ampliada, para preparar os grupos para o aprofundamento da consciência de si mesmo, inclusive por processos psicoterapêuticos, e socioterapêuticos, que contribuem para a transformação de desequilíbrios psico-corporais e psico-sociais e para o comprometimento individual e grupal com as mudanças interiores.

Não é objetivo de este texto tratar extensamente destas estratégias, apenas apontar a aula de movimento harmônico como uma grande contribuição de “aquecimento”, a processos de auto consciência pelo resgate da vitalidade, da alegria, da flexibilidade, da espontaneidade, da consciência corporal e psico-corporal. A conquista destas qualidades é preciosa para um posterior “trabalho sobre si mesmo” (1) , método desenvolvido pelo próprio Instituto Rio Aberto, ou para processos terapêuticos sócio – psico – dramáticos, de terapias bioenergéticas, sistêmicas familiares e organizacionais, inclusive em terapias com abordagem individual.

Nestas situações especiais muitas vezes a aula de movimento termina com a mobilização do 30 chacra e o processo segue para as dinâmicas de grupo próprias para o “aquecimento específico” do trabalho terapêutico subsequente.

O 4o chacra (o do centro cardíaco) é o do amor incondicional, o do desapego amoroso, o da compaixão. Conecta o indivíduo consigo mesmo e com os outros, se associa a uma nova frequência vibratória, suave, mais sutil do que os anteriores.

A “cura energética” (1;3;5) do grupo, em circulo, se torna palpável nesta etapa da aula. O 4a chacra e sua região de influência ativam a integração do ente divino, de alta frequência vibratória, (que é o homem), com o ente animal, imanente, corporificado (que ele também é).

Os movimentos de ativação do chacra cardíaco envolvem o segmento dorsal da coluna, os omoplatas, o peito, a face interna os braços, as palmas das mãos, envolvem gestos de oferenda, de acolhimento, de expansão e de recolhimento, favorecem a convergência dos participantes ao centro da roda e a reabertura da roda numa “autoentrega” do corpo e da mente, abrindo o peito e os braços. É a etapa do desapego.

Os movimentos trazem leveza, um fluir ondulante da roda, girando ou pulsando, em alta frequência vibratória. Os sentimentos ternos, os de amor e beleza coroam esta etapa.

O 5o chacra (o laríngeo) é o responsável pela comunicação, pela criatividade, pela auto manifestação do homem corporificado e de seus objetivos nesta vida(1;3;5). Os movimentos trabalham a região cervical da coluna, pescoço, garganta, boca, ombros, dorso de braços e mãos. Dentre os recursos utilizados temos a emissão de sons, de falas, canções, mantras, orações cantadas, próprias da manifestação da qualidade do 4o chacra na vida. Os cantos corais, sons harmônicos, favorecem a liberação do 5o chacra e dos dois seguintes, de nível vibratório ainda mais sutil que este.

É propícia, nesta etapa, a integração de uma aula de movimento, com trabalhos de autoexpressão artística individual ou grupal, através da fala, escrita, pintura, desenho, moldagem em argila ou quaisquer outros materiais.

O 6o chacra (frontal) é chamado centro da visão(1), é o da visualização de imagens-pensamento, o da intuição sutil, o do sensação de plenitude, de êxtase.(2;3;5)

Este chacra é mobilizado pelo desbloqueio dos movimentos dos olhos, orelha, nariz, sobrancelhas, pela flexão rotatória da cabeça e pela dissolução do foco do olhar, em favor de um olhar contemplativo que acolhe as imagens do mundo externo, sem ir a busca de nenhum objetivo especifico.

Músicas de alta frequência vibratória e o exemplo daquelas de corais litúrgicos, os sons harmônicos, os sinos tibetanos, dentre outros, ativam este chacra.

O 7o chacra (coronário) faz a conexão do ser humano com o plano transpessoal, universal, favorece a integração completa do ser, no vazio – plenitude dos estados de meditação preconizados por todas as tradições místicas(1;2;3;5). Este chacra é ativado, inicialmente, no inicio da aula, na etapa de esvaziamento(1), e é reativado mais profunda e conscientemente ao final da aula. Os movimentos são de alongamento segundo a linha vertical, sempre mantendo a percepção consciente da estrutura corporal, a consciência da vibração das costas, da coluna, do fluxo da energia ascendente que flui desde a base do cóccis até a coroa do crânio e da energia descendente que vem do alto e penetra em cada participante pela coroa.(1;3;5)

Os olhos semicerrados favorecem a concentração, para a percepção dos planos transcendentes.

A música do silencio profundo é o espelho deste chacra, sons guturais favorecem o silêncio interior.

A ativação do coronário está umbilicalmente conectada com a ativação consciente do conhecimento de nossa missão nesta vida(1), com o “canal da intencionalidade desta vida”(3; 5). Por ele percebemos que somos o eixo através do qual o céu se manifesta na terra, somos instrumento da manifestação da Consciência Cósmica no planeta. Nosso sentimento é de plenitude, amor incondicional, paz, gratidão, de certeza absoluta do sentido de nossa existência temporária nesta vida, no contexto da eternidade.

 

III) O MOVIMENTO VITAL – EXPRESSIVO E AS DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS

Ambas as concepções partem da visão do ser humano como um ser de luz, elemento de uma realidade cósmica holográfica, ambas tem raízes na Filosofia Perene. A valorização da dança em roda e da mandala dinâmica estão intimamente ligadas a tais raízes, ao desejo de transcendência. Referendam as palavras de Roger Garaudy: “A dança é um modo total de viver o mundo”.

Ambos os métodos são dinâmicos e criativos, seu repertório se renova, colhendo inspiração em tradições milenares de danças étnicas circulares de múltiplas culturas, da dança moderna, admitindo-as como dimensões da mesma totalidade. O método do Rio Aberto o faz ao assimilar arquétipos das danças de múltiplas tradições e ao se beneficiar também da tradição do yoga.

Ambos vêem o corpo como foco de luz cósmica, cálice no qual a Consciência Cósmica se manifesta, a ambos ativam a vitalidade, dissolvem tensões, a harmonia de movimentos do grupo é crescente. (1;2; 6)

Reconhecem que, à medida que a comunicação dos participantes da roda se potencializa, estados meditativos em grupo são atingidos e o campo áurico de todos vai se harmonizando e se ampliando.

Os métodos de ambas estimulam a transcendência de si mesmos e até do próprio grupo, a sintonia com a natureza, com o cosmos.

Na primeira etapa de uma aula de movimento o grupo segue, em roda, a coreografia de um facilitador e a semelhança com os métodos de dança circular sagrada é significativa, o que pode permitir uma rica associação de métodos.

Nas danças circulares sagradas o repertório de coreografias do focalizador é previamente escolhido, seguindo tradições de danças conhecidas ou de danças criadas para tal finalidade. Em princípio, a coreografia de uma dança é constante, salvo variantes da tradição.

No caso do método do Rio Aberto, as coreografias não se restringem às práticas das tradições, embora um observador atento de uma aula de movimento reconheça claramente a presença de movimentos e posturas arquetipicas que constam de inúmeras danças étnicas inspiradoras das danças circulares sagradas.

O focalizador, no método do Rio Aberto utiliza um repertório básico de movimentos, comum a todos os praticantes do método do Sistema Rio Aberto. As coreografias de uma aula, porém, em geral são únicas. São influenciadas pelos conhecimentos, experiências, aptidões, estado emocional, intenção de cada focalizador, para aquela aula, naquele dia. Em simpósios internacionais de focalizadores do Sistema Rio Aberto é notável observar que os originários da Argentina, do Brasil, do México, da Itália, da Espanha se movem de modo peculiar, refletindo nitidamente os modos de estar no mundo, os arquétipos próprios das suas respectivas culturas. Por exemplo,(e) a mobilidade dos quadris no grupo da Espanha é notável e seu tronco não é afeito a se curvar, os ombros permanecem grandiosamente estruturados enquanto a sensualidade se expressa sedutora; os movimentos do grupo do México trazem o perfume inconfundível da terra-mãe, das tradições autóctones da região; os participantes do Brasil trazem um corpo moldável, fluido, sensualidade brejeira e coração aberto, mas a sustentabilidade das pernas não tem a solidez da dos mexicanos. É frequente o interesse dos focalizadores do Sistema em frequentar as aulas de outros focalizadores, com o intuito de ampliar seu “repertório de movimentos”, bem como de mergulhar no “espírito da dança” de um colega, de aprender com sua estratégia de aula, com seu modo de fazer a “leitura corporal” (1) das necessidades de estímulos do grupo de participantes, durante uma aula. A “leitura” permite ao focalizador construir intuitivamente uma aula sincrônica com os participantes.

e: observações da autora no Simpósio Internacional do Instituto Rio Aberto realizado em Nápoles, Itália, 1998.

Numa segunda etapa da aula de movimento, inúmeras estratégias são utilizadas, em geral são distintas das utilizadas nas danças circulares.

Uma delas consiste no estímulo ao movimento corporal espontâneo, vindo das emoções e sentimentos de cada participante. O focalizador, atuando agora como um facilitador, estimula o movimento espontâneo dos participantes, a exemplo do que ocorre na dança moderna do século XX, vinda com Izadora Duncan e Martha Grahan. A intenção desta etapa do trabalho é favorecer uma manifestação flexível, criativa, expansiva, emocional e afetiva, da pessoa e do grupo, levar os participantes a expressar suas “plásticas”. Nos grupos mais experientes, coreografias de grande beleza e de uma harmonia insuspeitada frequentemente emergem nesta etapa.

A terceira etapa da aula de movimento é a de síntese, harmonização e transcendência.

São usadas diversas estratégias de dança em roda assemelhadas à das danças circulares sagradas de cunho meditativo. A harmonia energética do grupo amplia o campo áurico grupal, ocorre a transcendência do estado energético do grupo, pela sincronicidade com campos vibratórios sutis (1;3;5). Emerge a sensação coletiva de união, amor, desapego, compaixão, gratidão, de unidade Cósmica. Tal fenômeno é observado também em aulas típicas de danças circulares sagradas (6;7).

 

BIBLIOGRAFIA

(1) Palcos, Maria Adela; Textos de Referência do Sistema Rio Abierto Internacional, 1970/2000 (apostilas).

(2) Adam, Sisi et alii; “Este Cuerpo es Suyo”, editora Kier; Buenos Aires, 1989.

(3) Breenan, Barbara; “Mãos de Luz”, ed. Pensamento; São Paulo, 1987.

(4) Sztejnhauer, Ana Michaela; monografia do curso de “DEP – Dinâmica Energética do Psiquismo”: “Movimento Harmônico e Equilíbrio Energético: A Dança Cósmica”; S.Paulo, 1996 (mimeo).

(5) Basso, Thedda; Pustilnik, Aidda; “O Inconsciente Emergente”, editora ICDEP; SP, 2000.

(6) Wosien, B.; “Dança, um Caminho para a Totalidade”, editora Triom; São Paulo,2000.

(7) Wosien, M.G.; “Danças Sagradas”, editora Del Prado; Madri, 1997.

Maristela Afonso de André, São Paulo, 2004

[a] O Sistema inclui: massagem energética e corretiva; processos de cunho terapêutico psico – corporal (denominados “trabajo sobre si”) em grupo e individuais, bem como técnicas de meditação.

[b] Spinosa

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